Como ser uma pessoa menos ansiosa



A primeira dica é: comece lendo este artigo por completo e não pule direto para os tópicos!
Afinal, pessoas que costumam agir de forma muito ansiosa têm dificuldades até para ler um texto completo. Então, comecemos o treinamento:

 A ansiedade caracteriza-se por um estado interno (pensamentos e sentimentos) produzido por estímulos que sinalizam perigo ou ameaça e envolve comportamentos respondentes tais como, taquicardia, sudorese, tremores, pupila dilatada, contração muscular, etc. Algumas vezes, percebemos a ansiedade em situações que sinalizam algo de muito bom que também está por vir. Nesse caso, os pensamentos fantasiosos e de expectativa aparecem com mais frequência. É importante entender, que, em todo caso, a ansiedade não tem surgimento espontâneo, ou seja, sempre há algo no ambiente que elicia este tipo de resposta. E, para interromper este padrão, é necessário analisar muito bem o contexto em que ele costuma aparecer (Bravin e de-Farias, 2010).


  Biologicamente falando, tais respostas foram selecionadas ao longo da nossa história evolutiva a fim de prevenir danos ao organismo humano, favorecendo, assim, a sua sobrevivência. No entanto, quando ela se torna muito recorrente ou surge em situações em que a sociedade não costuma apresentar ansiedade, ela pode representar um transtorno (Fugioka e de-Farias, 2010).

Segundo Bravin e de-Farias (2010) existem padrões inadequados de resposta que costumam aparecer associado a este estado interno, que são:

1. Redução da eficiência comportamental (comprometimento das atividades diárias, dificuldade de concentração);

2. Reações de fuga e esquiva (as quais tomam grande parte do dia);

3. Estado de sofrimento;

4. Pensamentos excessivos;

  Para lidar com esses problemas, é preciso lidar tanto com os comportamentos respondentes (sentimentos) quanto com os operantes (pensamentos, fuga e esquiva). Assim, as práticas citadas a seguir costumam ser eficientes para controlar de vez este estado corporal tão aversivo:


1. Exercício físico: De acordo com Araújo, Mello e Leite (2007) “a prática regular de exercícios físicos aeróbios pode produzir efeitos antidepressivos e ansiolíticos e proteger o organismo dos efeitos prejudiciais do estresse na saúde física e mental” (p. 165). Porém, é possível que você leitor, se identifique com grande parte da população que costuma relatar ter pouco tempo ou dinheiro para praticar exercícios. Portanto, se sua indisposição e ansiedade estão em níveis elevados, é importante fazer um esforço em prol da sua qualidade de vida. Trocar o elevador pelas escadas ou fazer pequenas caminhadas durante a semana, já são suficientes para aumentar o nível de endorfina no seu cérebro e aliviar um pouco da tensão do dia a dia;


2. Meditação: Esta técnica consiste em uma prática de auto-regulação do corpo e caracteriza-se por um conjunto de técnicas que treinam a focalização da atenção, da respiração e dos pensamentos, desenvolvendo amplo controle emocional (Menezes e dell’Algio, 2009). A prática do Yoga ou da oração para pessoas que costumam seguir alguma religião também são eficientes nessas situações e assemelham-se ao que a meditação propõe. Na terapia analítico-comportamental, o terapeuta costuma se utilizar de uma técnica muito semelhante, chamada de Relaxamento de Jacobson, a qual trabalha movimentos de alongamento e respiração combinados, focando os pontos de tensão principais deste tipo de transtorno (Jaconbson, 1993).


3. Diário: Para ampliar a compreensão dos pensamentos que surgem em situações como estas, escrever o que vem à cabeça pode ser útil para analisar de forma mais lógica o que está acontecendo no seu ambiente e, além disso, analisar mais adequadamente os estímulos que estão eliciando este tipo de sentimentos em você;


4. Alimentação saudável: De acordo com especialistas da nutrição, “alguns alimentos contêm aminoácidos e vitaminas essenciais, que atuam diretamente diminuindo o estresse, combatendo a ansiedade e aumentando os níveis de serotonina, responsável pelo bem-estar e pelo relaxamento”, tais como laranja, espinafre, derivados do leite, entre outros. Para mais informações clique aqui e consulte um nutricionista.


5. Psicoterapia: A psicoterapia analítico-comportamental desenvolve habilidades importantes como, autoconhecimento, autoestima, autocontrole emocional e muitos outros. Nas sessões semanais, o cliente dispõe de um espaço só para ele, exclusivamente para aprender a analisar sua rotina e aprender coisas novas. Diante de uma vida tão corrida, disponibilizar um tempo para si mesmo é mais do que produtivo, é transformador. O terapeuta é um profissional especialista em analisar como cada comportamento inadequado foi desenvolvido e capacitado para intervir através de técnicas verbais e não-verbais. Além disso, todas os itens supracitados podem ser melhor desenvolvidos num ambiente psicoterápico.


6. Tratamento psiquiátrico: Em alguns casos, em que as respostas emocionais chegam a níveis altíssimos, capazes de prejudicar por completo a vida profissional e pessoal do cliente, o psicólogo pode buscar parceria com os profissionais da psiquiatria, que irão indicar medicamentos que darão uma base biológica para uma psicoterapia mais eficiente. Porém, antes de ir ao psiquiatra vale a pena pedir orientação a um profissional da Psicologia e buscar uma boa indicação de um profissional. Além disso, junto ao tratamento psiquiátrico, é sempre recomendado o acompanhamento psicológico para melhores resultados.


Finalmente, vale ressaltar que para nenhum problema de comportamento há fórmulas mágicas. Toda e qualquer habilidade a ser desenvolvida necessita de empenho e dedicação para que se alcance uma mudança total na qualidade de vida.




Referências Bibliográficas

Araújo, S. R., Mello, M. T. & Leite, J. R. (2007). Transtornos de Ansiedade e Exercício Físico. Revista Brasileira de Psiquiatria. 29(2), p. 164-71.

Bravin, A. A. & de-Farias, A. K. C. R. (2010). Análise Comportamental do Transtorno de Ansiedade Generalizada. Análise Comportamental Clínica: aspectos teóricos e estudos de caso. Ed: Artmed.

Fugioka, R. O. & de-Farias, A. K. C. R. (2010). Fuga e Esquiva em um Caso de Ansiedade. Análise Comportamental Clínica: aspectos teóricos e estudos de caso. Ed: Artmed. 

Menezes, C. & Dell’Aglio, D. (2009). Os Efeitos da Meditação à Luz da Investigação Científica em Psicologia: revisão de literatura. Psicologia: Ciência e Profissão. 29(2), 276-289.

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